O câncer é uma doença democrática: não importa o nível social ou etnia, todas as pessoas podem desenvolver tumores malignos ao longo da vida. Porém, algumas neoplasias são, sim, mais frequentes em certos grupos.
É o caso do câncer de colo de útero. De acordo com um estudo brasileiro publicado na revista científica Ethnic Health Disparities em janeiro de 2023, mulheres negras são as mais afetadas por esse tipo de tumor, enquanto as indígenas representam a maioria das mortes em decorrência da doença.
O levantamento mostra que as mulheres negras têm um risco 44% maior de desenvolver câncer de colo de útero. Quando analisada a chance de óbito, a chance é 27% maior em mulheres negras e 82% em indígenas.
A médica Andreia Melo, oncologista do Grupo Oncoclínicas e diretora de pesquisa do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), explica que, por questões sociais e educacionais, esses públicos acabam procurando menos a assistência médica antes do câncer se desenvolver, sendo diagnosticados apenas quando o quadro já é grave.
“No rastreio que fazemos do câncer de colo de útero na rede pública, o papanicolau, podemos identificar lesões pré-invasoras de baixo e alto grau. Essas alterações não são câncer ainda. Se a paciente faz o exame com regularidade, tem acesso ao serviço de saúde e tratamento, a chance de não desenvolver a neoplasia é alta”, aponta a especialista.
Fonte: Metrópoles